Durante a sessão da Assembleia Legislativa de Santa Catarina (Alesc), realizada na última quarta-feira (10), um trecho do discurso do deputado estadual Antídio Lunelli (MDB), ex-prefeito de Jaraguá do Sul, gerou forte repercussão. Ao se manifestar sobre políticas de ações afirmativas, o parlamentar afirmou que “recentemente” teria surgido no Brasil uma divisão entre “negro, pardo, branco e viado”.
A declaração ocorreu durante a votação do Projeto de Lei nº 753/2025, que extingue as cotas raciais e outras políticas afirmativas nas instituições públicas de ensino superior do Estado, como a Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc). A proposta, de autoria do deputado Alex Brasil (PL), foi aprovada por 24 votos a favor e sete contrários, com apoio de Lunelli.
Em seu pronunciamento, o deputado atribuiu a existência dessas classificações a governos de esquerda. “Desde que nós começamos com esse governo socialista, é que começou essa divisão de classes. Eu sou da época da Arena e do MDB e nunca existiu isso. Aí começou negro, pardo, branco, viado e não sei mais o quê. Chega, gente. Chega de discutir isso”, afirmou antes de encaminhar voto favorável ao projeto.
As declarações trouxeram de volta à tona um episódio envolvendo Lunelli ocorrido em 2009, já noticiado anteriormente pela imprensa. À época, conforme consta em inquérito policial divulgado posteriormente, o deputado foi abordado pela Polícia Militar em um motel no município de Balneário Piçarras, no litoral norte catarinense, acompanhado de um adolescente de 14 anos.
A abordagem ocorreu após denúncia anônima. Segundo o registro policial, o jovem relatou aos agentes que os dois estariam “fazendo carícias” e afirmou que os encontros já haviam ocorrido outras vezes. Diante da situação, Lunelli recebeu voz de prisão e foi encaminhado à delegacia, onde assinou o auto de prisão em flagrante e a nota de culpa.
Ainda conforme o inquérito, o adolescente relatou que conheceu o político cerca de duas semanas antes do ocorrido, quando Lunelli teria se apresentado com outro nome. O caso voltou a ser detalhado publicamente em 2022, após divulgação de documentos pelo jornalista Marcelo Lula, do portal SC em Pauta.
Em resposta à repercussão, Lunelli afirmou, em entrevista ao jornal ND Mais, que foi vítima de uma tentativa de extorsão. Segundo ele, uma quadrilha teria armado um falso flagrante com o objetivo de obter dinheiro. O deputado declarou ainda que o caso foi posteriormente arquivado e extinto, sem condenação judicial.

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